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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crítica: Noé

Nota: 10

Engraçado como as pessoas reagem aos filmes bíblicos, independente da qualidade artística, o que importa é ser fiel ao texto sagrado, isso desde os tempos de "Os Dez Mandamentos" (1956), "Ben-Hur" (1959) e "O Rei dos Reis" (1961), até mesmo antes disso, nos tempos do cinema mudo, já era parte até do marketing se gabar da fidelidade da adaptação, com o crescimento de vertentes fundamentalistas dentro das principais religiões, essa cobrança está cada vez mais exacerbada. É nessa realidade que Darren Aronofsky lança seu "Noé" (2014), um filme que tenta humanizar o mito do homem que foi escolhido por Deus, quando Este resolve acabar com o mundo e recomeçar do zero. Para isso o diretor se vale não só da história contada na Bíblia, mas também de outros textos e fontes, além de liberdades artísticas para concretizar sua visão. Em "Noé" há o dilúvio, há o castigo divino, os animais chegam à arca de dois em dois, mas nada é bonitinho que nem uma canção do Padre Marcelo.

Ainda criança Noé (Russell Crowe) vê seu pai ser assassinado pelo jovem rei Tubal-Cain ( que queria conquistar a terra de Lamech e testemunha a maldade no ser humano. Muitos anos depois, vivendo com sua esposa Naameh (Jennifer Connely) e seus três filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh). Ao ter visões divinas predizendo o fim do mundo, Noé parte em busca de Matuzalém (Anthony Hopkins), seu avô, para se aconselhar acerca das visões enviadas por Deus. Lá ele entende que O Criador dará fim à maldade humana e poupará apena os animais, por viverem como no Paraíso, antes de Adão e Eva serem expulsos, para isso Nóé construirá uma Arca, que servirá de refugio contra a tragédia que se abaterá sobre mundo. Além de sua família, Noé tem ao seu lado a ajuda dos "Guardiões", anjos que caíram a terra para ajudar Adão, Eva e seus descendentes.



Aronofsky, diretor de filmes como "Pi" (1998), "Réquiem Para Um Sonho" (2000), "Fonte da Vida" (2006), "O Lutador" (2008) e do Oscarizado "Cisne Negro", nunca foi dado a facilitar as coisas para o espectador, nem em termos de narrativa, nem visuais e "Noé" deixa isso bem claro logo de inicio, não poupando o público da violência de uma época bem menos civilizada da nossa "história", sem falar que ele incute no filme os conceitos bíblicos de pecado, julgamento, justiça divina, ao mesmo tempo se utiliza de conceitos mais contemporâneos como a Teoria da Evolução, em uma adaptação ao que é descrito na Bíblia. Da mesma maneira em que ele respeita a falta de explicações para alguns eventos, ele preenche outros com elementos não de fantasia, mas de magia, como a presença dos Guardiões, anjos que escolheram ajudar Adão e Eva após estes serem expulsos do paraíso e foram castigados por Deus, se tornando criaturas feitas das rochas de nosso planeta, e que ajudam Noé como uma forma de encontrar o perdão divino e ascender ao reino dos céus novamente, eles estão no filme primeiro como uma forma de tornar verossímil a construção da Arca e também moralmente como uma prova do perdão divino. Isso mostra também que o diretor buscou inspiração em textos fora da Bíblia, como o Livro Apócrifo de Enoque.


Assim como Martin Scorsese fez com "A Última Tentação de Cristo", Aronofsky humaniza os personagens, Noé não é nem simplesmente bondoso, nem completamente impiedoso, ele tem momentos de dúvida, medo e quando se entrega a sua tarefa, se transforma em uma força quase que incontrolável e tudo isso toma forma através da incrível atuação de Russell Crowe (em seu melhor papel em anos), que se entrega à jornada de seu personagem, que ao contrário de outros filmes, leva a história inteira para compreender seu real propósito, Crowe é auxiliado por um ótimo elenco, com destaque para uma atuação surpreendente de Emma Watson, mostrando que os anos de Hermione se encontram no passado e de Jennifer Connelly, que é a fundação de tudo aquilo que o filme e a história realmente representa. Ray Winstone está ótimo com o assustador vilão do filme.


Está claro que o diretor não queria simplesmente fazer um desses documentários do History Channel ou um daqueles filmes maniqueístas dos canais religiosos, ele compreendeu a verdadeira essência da história e contou de uma maneira em que as pessoas poderiam (se quisessem) entender os dilemas que uma pessoa comum enfrentaria diante de eventos como os retratados no filme, sem falar que ele expõe a natureza humana no seu melhor e pior, claramente na tentativa de mostrar o caminho das pedras que leva a redenção. Ele conseguiu fazer algo raro no cinema de hoje, um filme caro, mas extremamente autoral, visualmente criativo e fantástico, mas também ancorado em seus personagens. "Noé" pode não ser a mais fiel das adaptações, pode não ser o filme que todos esperavam e certamente é melhor assim, afinal, ele sai da zona de conforto que geralmente é destinada a esse tipo de filme por concepção (engessados na mesma fórmula usada desde a criação do cinema) e do medo dos produtores de desagradar ou de fracassar nas bilheterias. Darren Aronofsky é um diretor criativo demais para deixar sua visão ser domada por convenções seculares e filtra essa história mais do que conhecida pela sua visão única, em um filme poderoso, violento e emocionante.


Noah, EUA, 2014 direção Darren Aronofsky roteiro de  Darren Aronofsky e Ari Handel produzido por Scott Franklin, Darren Aronofsky, Mary Parent e Arnon Milchan música Clint Mansell fotografia Matther LIbatique com Russell Crowe, Jennifer Connelly, Ray Winstone, Emma Watson, Douglas Booth, Logan Lerman e Anthony Hopkins. distribuição Paramount Pictures duração 138 minutos. Drama/Aventura.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Crítica - Ninfomaníaca – Volume 1

Nota:7

Bom, parece que o momento da verdade chegou, “Ninfomaníaca” é o teste final da carreira de Lars Von Trier, ao menos é o que anda pregando, com uma certa dose de exagero, parte da imprensa internacional. Talvez seja verdade, talvez não, mas a verdade é que esse novo filme, com toda a polêmica, nos leva a questionar se ele realmente é um grande diretor, ou apenas um excelente marqueteiro, talvez a resposta seja um pouco dos dois. O filme conta a história de Joe (Charlotte Gainsbourg) que é encontrada bastante machucada por um homem mais velho chamado Seligman (Stellan Skarsgard), que a leva para sua casa, para que se recupere. Ao despertar, Joe começa a contar detalhes de sua vida, assumindo ser uma ninfomaníaca e que não é, de forma alguma, uma pessoa boa. Ela narra algumas de suas aventuras sexuais, para justificar a percepção que tem de si mesma.

Von Trier fez um filme que é denso, com algumas observações inteligentes e cenas fortes.  Ele faz de Stellan Skarsgard seu álter ego dentro do filme, analisando cada uma das histórias contadas por Joe (na forma de capítulos, como um livro). Na verdade, como “Ninfomaníaca” foi dividido em duas partes, fica difícil julgar por completo a história em si, mas até aqui, apesar de algumas cenas realmente interessantes e do comprometimento e entrega do elenco, não é um filme que impressiona, pois tem muitos altos e baixos e acaba sendo mais o trabalho de um diretor que quer impressionar e tentar manter-se relevante, mas isso acaba tornando visíveis as engrenagens e artifícios que movem o longa, como as tão faladas cenas de nudez e sexo explicito, que nada mais são do que uma ferramenta de marketing para atrair os curiosos (elas foram alteradas digitalmente, as partes intimas pertencem a atores pornô e foram sobrepostas às do elenco), o uso de artifícios de narrativa, como flashback, diagramas, imagens da natureza, todo o material que os filmes indies usam para parecerem menos mainstream.



O diretor ainda usa o filme como palco assuntos que tem mais a ver com a sua própria vida do que com a história, como quando tenta justificar suas declarações no Festival de Cannes e as acusações de antissemita, com isso os diálogos acabam soando falsos em algumas cenas, o que sacrifica a verossimilhança dos personagens em alguns poucos momentos. Na verdade a analise e o excesso de teorias, às vezes deixam o espectador sem muito espaço para a dedução e imaginação. O filme em alguns momentos lembra um pouco “De Olhos Bem Fechados” de Stanley Kubrick, mas a diferença é que Kubrick nunca gostou de impor opiniões, ou divagar muito e deixava as conclusões para a plateia.


Esta primeira parte não é ruim, graças ao elenco, que se entrega sem pudores aos personagens, vale destacar Shia LaBeouf voltando a mostrar que é um excelente ator, assim como o sumido Christian Slater, comovente como o pai de Joe, Uma Thurman, também faz uma participação pequena, mas impagável. A novata Stacy Martin, acaba sendo o destaque do longa com a jovem Joe, em cenas fortes de sexo e faz jus a complexidade do papel, já que ela é a verdadeira protagonista nesta primeira parte, que acaba deixando para o epílogo o veredito sobre a qualidade do projeto em si, afinal como julgar meia história? É possível, claro, em um mundo de trilogias, continuações e tudo mais, mas nesse caso é aconselhável esperar antes de ligar o botão, ame ou odeie. A verdade é que apesar (ou por causa) da qualidade (e o filme tem algumas), o cinema precisa de diretores como Von Trier, inquietos, provocadores, que causam algum tipo de repercussão, alguma discussão e talvez aí esteja a genialidade dele (ou não), ele sabe vender a noção de que o mundo precisa de um diretor assim, e nós para o bem e para o mal, acatamos.




Nymphomaniac – Volume 1, 2014 Dinamarca, Alemanha, França, Bélgica direção e roteiro Lars Von Trier produzido por Peter Aalbæk Jensen com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skasgard, Stacy Martin, Shia LaBeouf, Christian Slater duração 117 minutos distribuição Califórnia Filmes. Drama.

Crítica: Frozen - Uma Aventura Congelante

Nota: 10

Agora é oficial, a melhor coisa que aconteceu na história recente dos estúdios de animação da Disney foi a compra da Pixar, desde que John Lasseter e sua trupe assumiu o estúdio do Mickey houve um salto em qualidade quase comparável à fase de renascimento do estúdio no fim dos anos 80 e começo dos anos 90, onde foram feitos clássicos como “A Pequena Sereia” (89), “A Bela e a Fera” (91)“Aladdin” (92) e “O Rei Leão” (94), com o sucesso de público e crítica de “Enrolados”(2010), “Detona Ralph”(2012) e agora com “Frozen -  Uma Aventura Congelante”, a Disney volta a ser um dos grandes nomes da animação, junto à Pixar e a Dreamworks. O 53º desenho animado do estúdio esteve em desenvolvimento desde os anos 40,  entrando em produção e sendo adiado e cancelado inúmeras vezes. Uma adaptação livre do conto "A Rainha da Neve" de Hans Christian Andersen, “Frozen” conta a história de Elsa, a fila mais velha da família real de Arendelle, ela nasceu com o poder mágico de criar gelo e neve. Um dia, enquanto brincava com a irmã Anna, ela acidentalmente a machuca, então ela cresce tentando esconder e controlar seus poderes, mas após acidentalmente condenar o reino a um inverno eterno, ela foge e agora cabe a Anna e Kristoff, um jovem que vive nas montanhas do reino, partirem em uma jornada para a trazerem  de volta e reverterem o inverno em verão.



“Frozen -  Uma Aventura Congelante” alia uma animação impecável que mescla a animação tradicional e computação gráfica em uma técnica revolucionária que foi utilizada pela primeira vez em “Enrolados” e que garante um visual nada menos do que espetacular, ajudado pelo ótimo uso do 3D, um roteiro inteligente que lida com temas como o primeiro amor, solidão e perda, sempre de maneira tocante e divertida, com personagens cativantes que fazem com que o público se importe com a história e canções divertidas, que fazem jus ao grande legado dos musicais da Disney. Sucesso absoluto de público e crítica (o longa já faturou o Globo de Ouro de melhor animação e é o grande candidato ao Oscar na categoria), “Frozen” é o melhor desenho do estúdio desde “Tarzan” (99) e um dos melhores filmes produzidos no ano passado.




*Antes de “Frozen” é exibido o curta “Hora de Viajar” uma homenagem aos primeiros desenhos do Mickey, ele se apoia em gags visuais, fazendo excelente uso da animação tradicional, da computação gráfica e do efeito 3D. Pena que na versão em português perde-se a voz do próprio Walt Disney, que dublou o personagem até quase sua morte em 1966. Uma ótima maneira de comemorar os 85 anos do ratinho mais famoso do mundo.

Frozen, 2013 direção de Chris Buck e Jennifer Lee roteiro de Jennifer Lee baseado no conto “The Snow Queen” de Hans Christian Andersen produção executiva John Lasseter música de Christopher Beck canções de Robert Lopez and Kristen Anderson-Lopez. Duração 102 minutos. Distribuição Buena Vista Infantil/Musical.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Crítica - O Hobbit: A Desolação de Smaug

Nota: 10

Há uma ano atrás “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” assim como a nova trilogia de “Star Wars” dividiu o público e principalmente os críticos, que reclamaram da longa duração e do ritmo mais lento do filme, sem falar no novíssimo recurso HFR, que daria mais realismo ao 3D e gerou controvérsias. Agora com “A Desolação de Smaug” a nova trilogia dirigida por Peter Jackson passa por sua prova de fogo definitiva, reconquistar as plateias e manter o interesse para o grand finale, “Lá e de Volta Outra Vez”, que estréia no final de 2014 e coloca um fim às aventuras de Bilbo e da Companhia de 13 Anões. O filme começa com um flashback em Bri, onde Gandalf (Ian McKellen) encontra Thorin, Escudo de Carvalho (Richard Armitage) para discutir como unir os exércitos dos anões para retomar Erebor, o grande reino dos anões e dar um fim ao dragão Smaug. Para isso eles necessitariam de um ladrão para roubar a Pedra Arken, um símbolo dos dias de glória de Erebor. Um ano depois, os anões acompanhados por Bilbo (Martin Freeman) seguem em sua jornada à Montanha Solitária para dar cabo a tarefa de reaver o seu reino, passando por uma série de apuros incluindo uma passagem pela Floresta das Trevas e pela cidade de Valle, antes de se deparar com o terrível dragão Smaug. Já Gandalf se depara com a volta de um velho inimigo e a ameaça terrível que isto representa.


Peter Jackson para calar os detratores caprichou nas cenas de ação e nos efeitos visuais de ultima geração, sem falar no uso do 3D HFR (High Frame Rate) que projeta o filme à 48 quadros por segundo, ao invés dos usuais 24 quadros e assim como no filme anterior torna a ilusão do formato 3D mais perceptível, incomodando menos e garantindo um visual estonteante, afinal toda a pirotecnia é aliada às maravilhosas paisagens da Nova Zelândia.  O filme é grandioso e espetacular, mas sem deixar de lado os momentos de emoção como a bela cena entre Kili (Aidan Turner) e Tauriel (Evangeline Lily) nas masmorras do Rei Thranduil ou de tensão, como o embate com o assustador dragão Smaug, aqui na voz de Benedict Cumberbatch ( o vilão Khan do último Star Trek). Ainda traz a participação de personagens queridos do público, como o elfo Legolas (Orlando Bloom), e cenas adicionais retiradas dos apêndices de “O Senhor dos Anéis.”


Assim como “O Senhor dos Anéis – As Duas Torres”, “A Desolação de Smaug” tem a dura tarefa de levar a história de um ponto ao outro, mas não à sua conclusão, mantendo a tensão e garantindo o interesse para que as pessoas voltem e assistam ao ultimo filme, “O Hobbit: Lá e De Volta Outra Vez” daqui à menos um ano. A verdade é que o longa cumpre o que promete e faz isso com excelência, abandonando os personagens em um momento crucial, em um gancho perfeito para o terceiro filme e além disso faz as pazes com os críticos e com público, colocando a franquia novamente nos eixos. 


The Hobbit: The Desolation of Smaug, EUA, 2013 direção Peter Jackson roteiro de Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson e Guillermo del Toro baseado no livro de J.R.R. Tolkien produzido por Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson música de Howard Shore com Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Benedict Cumberbatch, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Lee Pace, Luke Evans, Ken Stott, James Nesbitt e Stephen Fry distribuição MGM/New Line/ Warner Bros. duração 161 minutos. Aventura/Fantasia.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Crítica: O Cavaleiro Solitário

Nota: 9,0

Se fosse lançado há alguns anos atrás “O Cavaleiro Solitário” seria um sucesso garantido, mas sejamos justos, após quatro “Piratas do Caribe”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Alice No País das Maravilhas” e “Sombras da Noite”, ver Johnny Depp fazendo um papel inusitado como o índio Tonto nesse novo filme não é exatamente novidade e estrear no mesmo fim de semana de “Meu Malvado Favorito” também não ajudou muito, sem falar no fato de o Cavaleiro ser confundido com o Zorro (não, o Zorro não tem um cavalo chamado Silver, ou um amigo índio chamado Tonto). Tudo isso contribuiu para o fracasso do longa nas bilheterias, mas isso o torna um filme ruim? Não, nem de longe. No filme Tonto (Johnny Depp), um velho índio comanche, narra à um garoto dos anos 30 a verdadeira história do Cavaleiro Solitário. No Texas, em 1869. John Reid (Armie Hammer), um advogado que retornou à sua cidade-natal disposto a levar os criminosos ao tribunal a qualquer custo, acompanha o irmão Dan (James Badge Dale) e outros Texas Rangers a caça de um foragido, mas o grupo é atacado pelos capangas de Butch Cavendish (William Fichtner) e todos são assassinados, com exceção de John, que fica à beira da morte. O índio Tonto (Johnny Depp) o encontra e percebendo que um mítico cavalo branco escolhe John, passa a ajudá-lo, pois acredita que John foi escolhido e que, como voltou da morte, não pode mais ser morto. A partir de então John passa a usar uma máscara e, ao lado de Tonto, faz de tudo para reencontrar Cavendish, vingar a morte do irmão e salvar sua família.


Baseado em um conhecido programa de rádio dos anos anos 30 (e não no famoso Zorro), o filme reúne a equipe por trás de “Piratas do Caribe”, que inclui o diretor GoreVerbinski e o produtor Jerry Bruckheimer em uma divertida aventura que mistura western, misticismo e um humor digno dos Looney Tunes. Armie Hammer e Johnny Depp contribuem para o tom descontraído da aventura, com uma química perfeita , mas o filme ainda conta com uma ótima participação de Helen Bonham-Carter e tem um elenco eficiente com destaque para William Fichtner e Tom Wilkinson. Verbinski capricha no visual da produção e no nonsense, garantindo cenas de ação grandiosas e muito humor, tudo bancado por um orçamento de mais de US$ 200 milhões cortesia do mega-produtor Bruckheimer e da Disney.


Na verdade esta é uma aventura que deixa a um pouco da lógica e das leis da física do lado de fora em nome da mais pura diversão e é o típico filme que não foi feito pra quem gosta de altas doses de realismo, mas quer saber, as vezes o que mais precisamos é fugir da realidade, deixar a fantasia tomar conta,  afinal já temos o dia a dia, os telejornais e o mundo lá fora. Se você está precisando de diversão escapista e descompromissada, “O Cavaleiro Solitário” é perfeito pra isso.


The Lone Ranger, EUA, 2013 direção Gore Verbinski produção de Jerry Bruckheimer e Gore Verbinski  roteiro de Justin Haythe, Ted Elliott e Terry Rossio música Hans Zimmer com Johnny Depp, Armie Hammer, Tom Wilkinson, William Fichtner, Ruth Wilson e Helena Bonham Carter distribuição Walt Disney Pictures duração 149 minutos.  Aventura.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Crítica: O Homem de Aço

Nota: 9,5

O mundo é um lugar engraçado, em 2006 quando Bryan Singer lançou seu “Superman, O Retorno”, as pessoas reclamaram que o filme era parado, não tinha ação, tinha muito romance e perdia um tempo considerável com o relacionamento de Clark Kent e Lois Lane. E não é que agora que Zack Snyder está lançando seu “O Homem de Aço”, muitas pessoas estão reclamando do contrário, que o filme tem ação demais e não perde tempo desenvolvendo os personagens a contento. Isso é bem compreensível , afinal os filmes estrelados por Christopher Reeve, deixaram um legado que ainda assombra o personagem, afinal o cineasta Richard Donner soube captar a essência das HQ‘s daquela época, misturando fantasia, otimismo e uma dose de realismo, ao invés de infantilizar e enveredar pela caricatura, ele soube dosar bom humor e heroísmo de maneira perfeita, o problema foi que as aventuras seguintes se perderam e o resultado foi que o cinema ficou privado das aventuras do herói por quase duas décadas, até Singer tentar reutilizar a formula mágica de Donner no longa de 2006, mas a verdade é que após anos de X-Men, Homem- Aranha e outros heróis, o gosto do público havia mudado e “Superman, O Retorno” parecia um filme deslocado, uma relíquia de outros tempos. Foi então que a Warner, após o sucesso absoluto da nova trilogia do Batman, sob a batuta de Christopher Nolan (Amnésia, A Origem), resolveu recontar as origens do maior herói da DC Comics, com ajuda do próprio Nolan, seus colaboradores e contando com a direção de Zack Snyder , diretor do aclamado “Watchmen” e do sucesso “300”.


O novo filme começa em Krypton, onde o cientista Jor-El (Russell Crowe) ao descobrir que o planeta está com os dias contados, envia seu filho, Kal-El, ainda bebê em uma nave espacial, rumo ao planeta Terra, levando com ele informações importantes que podem  determinar o futuro de seu povo. O General Zod (Michael Shannon) ao tentar depor o governo de Krypton e assumir seu comando, tenta impedir a iniciativa e acaba preso.  A criança escapa da morte certa e é criada por Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane), que passam a chamá-lo de Clark (Henry Cavill), que já adulto, se vê obrigado a buscar um certo isolamento, pois possui poderes que se descobertos pelos humanos, eles não entenderiam ou aceitariam, uma sina que o acompanha desde pequeno.  Ao descobrir uma nave escondida no ártico que pode ter respostas sobre seu passado e acabar salvando a repórter Lois Lane (Amy Adams), Clark inadvertidamente aciona um sinal que atrai o terrível Zod, que conseguiu se libertar e ao descobrir seu paradeiro , ameaça a humanidade. Chega então a hora das pessoas conhecerem aquele que passarão a chamar de Superman.


O filme tenta dar roupagem nova, mais realista ao Homem de Aço, com efeitos especiais incríveis e um ótimo uso do 3D (especialmente em IMAX), sendo assim tudo é grandioso, desde Krypton, passando pelas cenas de vôo (finalmente o Superman é mais rápido do que uma bala) e pelas impressionantes lutas, afinal o duelo entre Kal-El e Zod é literalmente destruidor. O porém disso tudo é que o filme coloca um pouco de lado o desenvolvimento de alguns personagens, principalmente na fase adulta do herói e se concentra no espetáculo, mas nem se pode reclamar, pois é uma característica do diretor Zack Snyder, caprichar no visual e nem tanto na trama, mas mesmo assim o roteiro de David S. Goyer é interessante, principalmente quando foca no relacionamento de Clark e seus pais adotivos, em flashbacks que dão coração ao filme, mostrando toda as escolhas e angústias durante a infância e adolescência  do herói. É aí que entra outro trunfo do filme, seu elenco, Henry Cavill está ótimo como o herói, fazendo um Superman mais humano, menos perfeito. Amy Adams, mesmo com as limitações do papel, é a melhor Lois Lane desde Margot Kidder em “Superman, O Filme”. Russell Crowe como Jor-El e Kevin Costner como Jonathan Kent, brilham com a autoridade que os seus personagens exigem e Michael Shannon é pura ira como Zod, ofuscando até a famosa versão de Terence Stamp em “Superman II – A Aventura Continua”.


Snyder fez um filme grandioso, cheio de ação e muitas explosões, que se valeria de um pouco mais de humor e de mais tempo para desenvolver alguns personagens, mas ainda assim não é algo que atrapalhe tanto, pois ele conseguiu reapresentar uma história batida de maneira digna e espetacular, com altas doses de adrenalina e uma produção requintada. Assim como “Batman Begins”, “O Homem de Aço” não é o melhor filme do mundo, mas é um excelente recomeço, abrindo caminho para mais filmes com o herói e para o sonhado longa de “A Liga da Justiça” e mesmo longe da perfeição, ele é infinitamente superior a muitos filmes baseados em histórias em quadrinhos. Não, não é um pássaro, ou um avião, é o Superman mesmo, de uma maneira que nunca se viu antes e que vale cada centavo do ingresso.



Man Of Steel, EUA, 2013 direção Zach Snyder roteiro de David S. Goyer história de David S. Goyer e Christopher Nolan baseado nos personagens criados por Joe Shuster e Jerry Siegel para as histórias publicadas pela DC Comics produção Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas e Deborah Snyder música de Hans Zimmer com Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin Costner, Diane Lane, Laurence Fishburne e Russell Crowe. Distribuição Warner Bros. e Legendary Pictures. Duração 143 minutos Ação/Aventura.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Trilogia Jesse & Céline

Primeira coisa a ser dita, não tem como escrever sobre Jesse & Céline em terceira pessoa, simplesmente porque quando Richard Liklater (Escola de Rock) dirigiu "Antes do Amanhecer" em 1995 ele não imaginava que o público cresceria e envelheceria acompanhando o romance de dois jovens que se conhecem em um trem na Europa e passam uma noite juntos em Viena, onde se apaixonam, falando assim parece mais uma série de filminhos românticos açucarados que poderiam fazer parte da filmografia da Kate Hudson, mas não é um caso e dá um certo orgulho de dizer: Eu amadureci junto com Jesse & Céline, afinal os filmes se tornaram parte de minha cultura e muito do que eles dizem e sentem, também disse ou senti em algum momento, afinal quando eu vi o primeiro filme em uma sessão da TNT em 1998 eu tinha quase a mesma idade dos personagens e via a vida de maneira semelhante. Portanto, com o terceiro filme da série nos cinemas, não há nada mais oportuno do que dar uma revisitada nos antigos e falar um pouco do último e ótimo episódio "Antes da Meia-Noite".

Antes do Amanhecer (1995)

Céline (Julie Delpy) uma jovem francesa a caminho de Paris, e Jesse (Ethan Hawke), um americano que está na Europa, encontram-se casualmente em um trem rumo à Paris e após uma longa conversa, ele a convida para descerem em Viena (onde ele pegará um vôo no dia seguinte) para um passeio que dura a noite toda, até o amanhecer. O filme tinha tudo para ser apenas uma sessão da tarde descompromissada, mas na direção de Richard Linklater, nos diálogos brilhantes e na atuação e na química sobrenatural de Delpy e Hawke, o filme é um dos mais sinceros retratos do que acontece quando duas pessoas inteligentes se encontram, pois nada mais é do que uma série de cenas em que os personagens andam por Viena e conversam, mas não é uma conversa qualquer, ao contrário de filmes como "Crepúsculo" ou comédias românticas em geral, nesse filme você sabe exatamente onde, porque e quando eles se apaixonam, você torce e acredita nos personagens e mais do que isso você se identifica com o que eles pensam e vivem. Ao final do filme, assim como eu, você se sente completamente envolvido pela história dos dois.


Antes do Pôr-do-sol (2004)

Nove anos depois encontramos Jesse, agora um escritor famoso, em em uma livraria Parisiense promovendo seu primeiro livro, inspirado na noite em que passou com Céline em Viena,  para a surpresa dele, ela o encontra e os dois têm pouco mais de uma hora para colocar a conversa em dia, pois ele tem que pegar um avião para retornar para casa. O filme se passa em tempo real, pouco mais de uma hora e vinte minutos e é um tour-de-force para os atores (que junto com o diretor escreveram o roteiro), pois eles atuam em planos seqüência quase sem cortes, o que impressiona principalmente na seqüência do táxi e mostra os grandes atores que Hawke e Delpy são e como eles entendem seus personagens, pois ao contrário dos jovens sonhadores de uma década atrás, eles mostram os sinais de que amadurecer não é fácil e a vida separados não foi tão gentil quanto parece no começo do filme, na verdade eles vão desnudando as pequenas mentiras, mostrando o que há por baixo. Pôr-do-Sol é melhor, mais complexo e mais maduro do que o primeiro filme.


Antes da Meia Noite (2013)

No novo filme, mais nove anos se passaram e Jesse e Celine vivem na Europa como um casal e têm duas filhas. Em férias na Grécia, em uma pequena ilha chamada Messênia, o casal enfrenta novos dilemas, afinal ele continua em sua carreira como escritor, enquanto que Celine não tem um emprego fixo e passa a considerar a possibilidade de trabalhar para o governo. Ao mesmo tempo em que Jesse tenta manter um bom relacionamento com seu filho adolescente, Hank, que vive em Chicago com sua ex-esposa. Em seu ultimo dia no pais, todas essa realidade se abate sobre o casal, que tem que rever e repensar a história do seu amor. "Antes da Meia Noite" é tão bom quanto os dois primeiros filmes, mais uma vez com diálogos inspirados e cenas marcantes que resultam em um duelo avassalador, deixando o público ansioso para saber se os dois realmente ficarão juntos no final do filme, eu nem vou entregar o que acontece, mas digo que assisti quase na ponta da cadeira. O filme é um triunfo do diretor Linklater e dos dois atores, que além de tudo escreveram o roteiro à seis mãos, em um trabalho que é tão maduro quantos seus personagens, com uma dose de romantismo, amargura e um toque de humor.


Na verdade todos os filmes se complementam e dialogam entre si, sem falar que servem como uma crônica do que é realmente o amor, o que é encontrar sua alma gêmea, cada vez que assisto fico aliviado, pois sei que não estou tão errado ao saber que amar dá trabalho, amar requer muitas outras coisas além do amor em si, sem falar que cada vez que assisto, sinto minha inteligência e meu tempo serem recompensados por cada linha escrita, por cada atuação e hoje uso a primeira pessoa, pois ver Jesse & Céline as vezes é como olhar em um espelho e ver refletido cada uma das fases da vida, é sempre algo muito pessoal e se tivesse que indicar uma história de amor pra qualquer pessoa assistir, seria essa, só espero que daqui há 9 anos possamos mais uma vez ver Ethan Hawke e Julie Delpy, sob a batuta de Richard Linklater vestindo a pele desses mesmos personagens, passeando e conversando em mais uma cidade em um verão qualquer.



Before Sunrise, EUA, 1995 direção de Richard Linklater escrito por Richard Linklater e Kim Krizan. 105 minutos. Before Sunset, EUA 2004 direção de Richard Linklater escrito por Richard Linklater, Julie Delpy, Ethan Hawke e Kim Krizan. 80 minutos. Before Midnight, 2013 direção de Richard Linklater escrito por Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke. 109 minutos. todos os filmes são estrelados por Ethan Hawke e Julie Delpy. distribuição Columbia Pictures, Warner Independent Films e Sony Picture Classics. Romance.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Crítica: Além da Escuridão - Star Trek

Nota:10


Quando "Jornada Nas Estrelas: Nemesis" (2002) fracassou e a série "Enterprise" (2001-2004) foi cancelada, muitos acharam que a franquia "Jornada Nas Estrelas" tinha chegado a um melancólico fim, mas em 2009, J.J. Abrams com um novo elenco trouxe Kirk e Cia de volta em grande estilo com uma superprodução com ótimos efeitos e muita ação. "Além da Escuridão - Star Trek", o novo longa da franquia chegou aos cinemas de todo o país com a missão de conquistar o público brasileiro e levar a série ainda mais longe, em velocidade de dobra, em um longa que rivaliza em qualidade com o já famoso "Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan" (1982). Após uma complicada missão em um planeta primitivo, em que o Capitão Kirk (Chris Pine) viola as regras da  Frota Estelar para salvar Spock (Zachary Quinto), perdendo o comando da nave Enterprise para o capitão Christopher Pike (Bruce Greenwood), tudo muda quando John Harrison (Benedict Cumberbatch), um renegado da Frota, começa uma onda de ataques terroristas contra organização. Devido a esses eventos Kirk é reconduzido ao posto de capitão da Enterprise e enviado para capturar Harrison dentro território dos famigerados Klingons, que estão à beira de uma guerra com a Federação.


O filme é uma aventura de tirar o fôlego, com um roteiro cheio de reviravoltas e com muitos momentos de tensão, ancorado por um elenco em plena sintonia, Chris Pine como Kirk, Zachary Quinto como Spock, Karl Urban como McCoy, Zoë Saldaña como Uhura, John Cho como Sulu, Simon Pegg como Scotty e Anton Yelchin como Chekov já estão bem a vontade nos personagens icônicos e não ficam devendo nada para os atores originais. Para os Fãs a presença de Carol Marcus (Alice Eve) personagem de "A Ira de Khan" é uma boa surpresa, assim como a presença do eterno "Robocop" Peter Weller como o ameaçador Almirante Marcus, pai de Carol, eles garantem bons momentos, mas a verdade é que o grande destaque é Benedict Cumberbatch como Harrison, em um personagem que pode surpreender os desavisados e que apesar de algumas criticas raciais infundadas ao ator, é um papel cheio de nuances e sem dúvida o grande vilão do ano e um dos melhores em muito tempo, ele tem uma presença impressionante e uma voz distinta que faz toda a diferença.


Como já é esperado nesse tipo de filme, os efeitos são deslumbrantes e funcionam tanto em 2D, quanto em 3D e garantem os ótimos momentos de ação, afinal uma das qualidades de Abrams é o fato de que ele consegue criar filmes emocionalmente densos e visualmente impactantes, desde a saída da Enterprise de dentro do oceano, até a luta final o filme tem algumas das melhores cenas de ação do ano e efeitos que finalmente colocaram "Star Trek" no mesmo patamar de "Star Wars", sem falar que é um dos poucos filmes em que o 3D não cansa e é bem utilizado, aproveitando ao máximo a ilusão de profundidade.


Graças a todas essas qualidades, o filme já é considerado um dos melhores do ano e vem fazendo mais sucesso do que seu predecessor, com mais de US$ 400 milhões arrecadados no mundo todo, abrindo possibilidades pra outras continuações, levando os personagens criados por Gene Roddenberry nos anos 60 aonde nenhum homem jamais esteve, tudo isso com muita inteligência, humor e doses cavalares de adrenalina. Nunca o ditado vulcano "Vida Longa e Próspera" esteve tão certo.




Star Trek Into Darkness, EUA 2013 direção de J.J. Abrams roteiro de Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof baseado em "Star Trek" criado por Gene oddenberry produzido por J. J. Abrams, Bryan Burk, Damon Lindelof, Alex Kurtzman e Roberto Orci música Michael Giacchino com Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoë Saldaña, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Benedict Cumberbatch, Bruce Greenwood, Alice Eve e Peter Weller. distribuição Paramount Pictures. duração 133 minutos. Ficção Científica/Ação.

sábado, 27 de abril de 2013

Em Cartaz: Oblivion e G.I.Joe: Retaliação


OBLIVION

Nota: 8,5

Uma coisa pode ser dita sobre Tom Cruise, ele sabe escolher os filmes dos quais participa, mesmo quando não fazem sucesso de bilheteria, ainda assim não se pode dizer que ele tenha feito um filme ruim desde que se tornou um superastro do cinema. “Oblivion” mantém o padrão de qualidade e vem fazendo sucesso, pode não ser excepcional ou revolucionário, mas ainda assim vale suas duas horas de duração. Cruise é Jack Harper, responsável pela manutenção dos equipamentos de segurança do planeta Terra,  que foi destruído após uma invasão alienígena. O que restou da humanidade passou a viver em uma colônia em Titan, uma das luas de Saturno.  Em duas semanas, Harper e sua parceira partirão para encontrar o resto dos refugiados, já que está terminando seu trabalho na Terra. Só que uma espaçonave cai no planeta e tem como passageira uma mulher que põe em dúvida tudo o que Jack sabe. Baseado em uma história em quadrinhos não publicada criada pelo diretor Joseph Kosinski ("Tron, O Legado"), “Oblivion” tem uma história intrigante que não é completamente desenvolvida pelo roteiro, mas que ainda assim entretém e prende atenção, graças ao magnífico visual (que impressiona mesmo sem o 3D ou o IMAX) e a presença de Tom Cruise, aqui em uma ótima atuação (destaque para as poucas cenas que ele tem com Morgan Freeman, aqui em um papel chave para a trama). Pode não mudar a vida de ninguém , mas vale cada minuto e tem algumas surpresas interessantes.


Oblivion EUA, 2013 dirigido por Joseph Kosinski produzido por Joseph Kosinski, David Fincher, Peter Chernin, Jesse Berger, Ryan Kavanaugh, Dylan Clark, Barry Levine roteiro de Joseph Kosinski, William Monahan, Karl Gajdusek e Michael Arndt baseado na Graphic Novel ¨Oblivion¨ de Joseph Kosinski e Arvid Nelson música de M83, Anthony Gonzalez e Joseph Trapanese direção de fotografia Claudio Miranda edição Richard Francis-Bruce com Tom Cruise, Olga Kurylenko, Andrea Riseborough, Morgan Freeman, Melissa Leo, Nikolaj Coster-Waldau duração 124 minutos distribuição Universal Pictures. Ficção Científica/Aventura.

G.I.JOE: RETALIAÇÃO

Nota: 8

Não entendo muito bem o que os críticos esperam de um filme baseado em um desenho animado, que por sua vez é inspirado em uma linha de brinquedos, e mais, como reclamar de um filme que entrega exatamente aquilo que se propõe? O primeiro filme "G.I.Joe - A Origem de Cobra", não era nenhuma obra prima, mas era diversão escapista de primeira, rápido, fantasioso e com um visual bacana. Esse segundo filme é ainda mais improvável, porém bem mais divertido.  No filme, o esquadrão de elite G.I. Joe após ser acusado de traição, é atacado brutalmente, sob as ordens do presidente americano (Jonathan Pryce) e tem vários de seus integrantes mortos em combate. Os poucos sobreviventes vão contar com a ajuda do criador do grupo, Joe Colton (Bruce Willis) e com a liderança de Roadblock (Dwayne Johnson), para revidar o ataque em grande estilo.  Enquanto isso, comandados pela organização Cobra, os EUA desafiam as grandes potências durante uma reunião para definir a redução das ogivas nucleares no mundo todo, dando início a um plano de proporções alarmantes. Sob a direção de Jon M. Chu essa continuação tem cenas de ação de tirar o fôlego, cujo o dinamismo se deve ao trabalho de câmera do diretor, aqui amparado pelo ótimo uso do 3D. Não é um filme de grandes interpretações e nem tem uma história incrível, mas com a ajuda de um elenco carismático encabeçado por Dwayne Johnson, Bruce Willis e Channing Tatum (em uma participação que foi ampliada devido ao sucesso de seus últimos filmes) o llonga diverte bastante e vale o preço do ingresso.


G.I.Joe Retalliation EUA, 2013 dirigido por Jon M. Chu produzido por Lorenzo di Bonaventura e Brian Goldner escrito por Rhett Reese e Paul Wernick baseado na linha de brinquedos  G.I. Joe da Hasbro música de Henry Jackman direção de fotografia de Stephen Windon edição de Roger Barton e  Jim May com Dwayne Johnson, Bruce Willis, D.J. Cotrona, Byung-hun Lee, Adrianne Palicki, Ray Park, Jonathan Pryce, Ray Stevenson e Channing Tatum duração 110 minutos distribuição Paramount Pictures/ Metro-Goldwyn-Mayer. Ação/Aventura.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Crítica - Oz, Mágico e Poderoso

Nota: 9
Antes de mais nada, comparar "Oz, Mágico e Poderoso" com o filme original de 1939 é injusto com ambas as produções, pois "O Mágico de Oz" já encanta crianças e adultos há muitas gerações e é um dos filmes mais queridos e vistos de todos os tempos, em contrapartida, apesar de ter uma produção impecável para a época, ele não é tão tecnologicamente avançado (por razões óbvias), afastando pessoas que não gostam de filmes antigos, portanto dadas as proporções cada filme tem seu charme. O novo filme na verdade é uma prequel, narrando eventos anteriores ao filme de 1939 e do livro original. Oz (James Franco) é o mágico de um circo mambembe,  mulherengo e vigarista e ao arranjar encrenca com um dos artistas do circo, ele foge em um balão que é pego em um tufão. Transportado para um mundo mágico e desconhecido, ele precisa lidar com a batalha entre três bruxas locais pelo controle do reino: Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glenda (Michelle Williams).
Dirigido pelo mesmo Sam Raimi da Trilogia "Homem-Aranha" e produzido pela Disney, “Oz, Mágico e Poderoso” é visualmente estonteante, com cenários que remetem ao filme de 1939, sem copiar o design de produção do filme anterior (devido a problemas de direitos autorais), ampliando o escopo da Terra de Oz, adicionando paisagens e também mostrando lugares que são bem conhecidos pelos fãs do filme de Judy Garland de uma maneira bem mais grandiosa e  eleaborada. Raimi presta muitas homenagens ao filme original, já começando com o prólogo no Kansas, onde assim como no longa anterior, a história começa em preto e branco, usando inclusive o formato de tela e o som mono que era o padrão em 39, e quando chega em Oz, a tela expande, o som muda para stereo digital e um colorido intenso, que imita o tecnicolor da década de 30 toma conta do resto do filme, que sim, é recheado de efeitos deslumbrantes, com personagens digitais muito bem feitos e um 3D literalmente de saltar aos olhos. O longa-metragem também faz homenagem a personagens clássicos como o Leão Covarde, o Espantalho, mas não vou estragar contando como e onde, só posso dizer que para os fãs, o filme vai ser um deleite, desde que não se faça comparações demais. 

Quanto ao elenco, James Franco está extremamente simpático e convincente como um vigarista de bom coração, já as três bruxas, representadas por Mila Kunis, Rachel Weisz e Michelle Williams atingem resultados desiguais, Weisz é a que está melhor e parece estar se divertindo no papel de Evanora, Williams convence como Glinda, a Boa, mas como todo personagem bom demais, ela fica limitada à sua candura, se bem que à faíscas aqui e ali (sem spoilers, por favor), enquanto Mila Kunis que é a que teria que ser a mais assustadora e também a mais divertida, não convence tanto no papel, embora ela tenha algumas cenas divertidas no papel da Bruxa Má mais famosa do cinema. E os personagens digitais, principalmente o macaquinho Finley (na voz de Zach Braff) e a boneca de porcelana chinesa, são convincentes e interagem de forma perfeita com o elenco, participando em alguns dos momentos mais emocionantes do filme. 

É quase certo que “Oz, Mágico e Poderoso” não será um clássico da magnitude de “O Mágico de Oz”, mas ainda assim é um filme divertido, emocionante e que compensa a ida ao cinema, seja pela história, pelo visual ou por causa do elenco. Sam Raimi é um diretor talentoso e sabe como fazer um filme pipoca como poucos e aqui ele faz um ótimo trabalho e como uma boa produção da Disney (infinitamente melhor do que "Alice No Pais das Maravilhas") ele garante duas horas de puro espetáculo e entretenimento de primeira.


Oz the Great and Powerful, EUA, 2013 direção de Sam Raimi escrito por David Lindsay-Abaire and Mitchell Kapner  baseado no obra de L. Frank Baum produzido por Joe Roth música de Danny Elfman com James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams e Zach Braff distribuição Walt Disney Pictures/Buena Vista duração 127 minutos Aventura/Fantasia.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Em Cartaz: Hitchcock e O Vôo

Hitchcock
Nota: 8,5
Baseado no livro “Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose” o filme foca na relação entre o diretor Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) e sua esposa, Alma Reville (Helen Mirren), durante as filmagens do clássico “Psicose”, que foi vagamente baseado na vida do assassino Ed Gein, até o lançamento do inovador filme em 1960. O que poderia ser um monótono filme sobre os bastidores de um dos longas mais emblemáticos da história do cinema, é na verdade uma história de amor, companheirismo e um verdadeiro testemunho da importância de Alma na carreira de Hitchcock, afinal quem conhece os bastidores dos filmes do mestre do suspense sabe que ele nem tocava nos roteiros que ela não achava interessante e era a pessoa que dava o aval aos filmes do marido. A história foca em um momento crucial da vida de Hitch, ele e Alma até então eram inseparáveis, uma força criativa que resultou em clássicos como “O Homem Que Sabia Demais”, “Janela Indiscreta”, “Ladrão de Casaca” , “Um Corpo Que Cai” e muitos outros, mas assim que ele lançou “Intriga Internacional”, começou a buscar uma história diferente do que estava acostumado a fazer, pois muitos achavam que aos 60 anos e no auge, ele deveria parar enquanto estava ganhando, foi então que Hitch se deparou com o livro “Psicose” de Robert Bloch e as coisas começam a desandar, nem os executivos, nem sua leal assistente Peggy (Toni Collette), nem  a imprensa,  muito menos Alma acredita no projeto, afinal a história do livro serviria para no máximo um “slasher movie”, algo como um avô de “Sexta-Feira 13”, mas Hitch dá a dica, como seria se alguém realmente bom fizesse um desses filmes? O resultado já conhecemos muito bem, mas a graça de “Hitchcock” reside na leveza como a história é tratada, mesmo nas cenas envolvendo Ed Gein (que dá dicas do desenrolar da história do clássico) e principalmente em seu elenco, Anthony Hopkins está perfeito como Hitch, com sua fala afetada e seu jeito bonachão, ele trilha um caminho que chega perto da caricatura, mas sem cair nela, ainda mais por conta da maquiagem usada para deixá-lo com o físico do diretor, porém é em Helen Mirren que o grande trunfo do filme reside, sua Alma é uma mulher em busca de algo novo também, após anos na sombra do marido, ela busca alguma coisa que a dê prazer e reconhecimento. Esses dois gigantes da atuação acham o balanço perfeito entre drama e comédia e são ajudados por um elenco de apoio extremamente eficiente, Scarlett Johansson como Janet Leigh, Danny Huston como Whitfield Cook, Jessica Biel como Vera Miles e James D’Arcy como Anthony Perkins estão perfeito. Embora o filme fuja das polêmicas, como a autoria da famosa cena do chuveiro e dê uma suavizada no protagonista, ainda assim é entretenimento de primeira, com cenas divertidas, desde a abertura e o encerramento inspirados na série “Alfred Hitchcock presents” e uma homenagem a um dos filmes posteriores do mestre.


Hitchcock EUA, 2012 direção de Sacha Gervasi produção de Ivan Reitman, Tom Pollock,Joe Medjuck, Alan Barnette eTom Thayer roteiro de  John J. McLaughlin baseado no livro “Alfred Hitchcock and the Making of Psycho” de Stephen Rebello com Anthony Hopkins, Helen Mirren, Danny Houston, Toni Collette, Scarlett Johansson, Jessica Biel e James D’Arcy. Distribuição Fox Searchlight Pictures duração 98 minutos Drama.
O Vôo
Nota: 10
Após 12 anos afastado dos filmes convencionais, dirigindo animações usando a técnica de captura de movimento, Robert Zemeckis está de volta aos filmes “live action”, seu último filme foi “O Náufrago” em 2000, onde arrancou uma atuação soberba de Tom Hanks em um filme sobre um homem comum em uma situação extraordinária, ele repete a dose desta vez com Denzel Washington no papel de  William Whitaker, um piloto de aviação comercial,  que toma uma decisão arriscada, quando o avião que está comandando está em uma queda iminente, ele assume o comando e para tentar salvá-lo, faz uma manobra ousada que coloca o avião literalmente de cabeça para baixo, depois de pousar a aeronave com a perda de poucas vidas, ele se torna um herói e conquista notoriedade na região onde mora. Contudo, uma investigação interna revela que ele estava voando sob o efeito de drogas e álcool. Sabendo que a investigação era verdadeira, Whitaker tem que lidar com seus vícios, algo que ele evitou até o momento, contando com os amigos e com com o carinho de uma viciada chamada Nicole Maggen (Kelly Reilly). O filme traz uma das melhores atuações da carreira do premiado Denzel Washington, em um papel que é o sonho de qualquer ator, uma jornada em que apesar de todas as falhas, todos os erros, o personagem ganha a empatia do espectador, que torce por ele (a cena do frigobar é um momento desses em que as pessoas reagem ao que acontece na tela como se fosse de verdade) e Zemeckis se dá ao luxo de dar boas cenas para os personagens secundários também, tem um belo momento entre Whitaker, Nicole e um paciente com câncer terminal, todos escondidos na escada de emergência do hospital para fumar, eles discutem como chegaram lá e sobre os acontecimentos e o significado deles em suas vidas, é um daqueles momentos raros hoje em dia em que o filme para, apenas para mostrar as motivações dos personagens e deixá-los um pouco mais humanos. “O Vôo” talvez seja o trabalho mais maduro do diretor, que ao contrário de muitos filmes não desvia o olhar dos vícios dos personagens, de seus defeitos, enxergando drama e comédia nas situações pela qual William e os outros personagens passam, aliás aqui representados pelos ótimos Don Cheadle, Bruce Greenwood e um impagável John Goodman, como o traficante de Whit. Vale também ressaltar a destreza técnica de Zemeckis, com uma produção modesta (custou US$ 30 milhões) ele rodou uma das sequencias de vôo mais bem feitas da história, a queda do avião é realmente impressionante e realista. “O Vôo” é um drama edificante, extremamente bem realizado e adulto, um filme que diverte, emociona e satisfaz em iguais doses.


Flight EUA, 2012 direção Robert Zemeckis roteiro de John Gatins produzido por Laurie MacDonald, Walter F. Parkes, Jack Rapke, Steve Starkey, Robert Zemeckis música de Alan Silvestri com Denzel Washington, Don Cheadle, Bruce Greenwood, Kelly Reilly e Melissa Leo distribuição Paramount Pictures duração 139 minutos Drama.