O mundo é um lugar engraçado, em 2006 quando Bryan Singer
lançou seu “Superman, O Retorno”, as pessoas reclamaram que o filme era parado,
não tinha ação, tinha muito romance e perdia um tempo considerável com o
relacionamento de Clark Kent e Lois Lane. E não é que agora que Zack Snyder
está lançando seu “O Homem de Aço”, muitas pessoas estão reclamando do contrário, que o filme
tem ação demais e não perde tempo desenvolvendo os personagens a contento. Isso é bem compreensível , afinal os filmes estrelados por
Christopher Reeve, deixaram um legado que ainda assombra o personagem, afinal o cineasta Richard Donner soube captar a essência das HQ‘s
daquela época, misturando fantasia, otimismo e uma dose de realismo, ao invés
de infantilizar e enveredar pela caricatura, ele soube dosar bom humor e heroísmo
de maneira perfeita, o problema foi que as aventuras seguintes se perderam e o
resultado foi que o cinema ficou privado das aventuras do herói por quase
duas décadas, até Singer tentar reutilizar a formula mágica de Donner no
longa de 2006, mas a verdade é que após anos de X-Men, Homem- Aranha e outros
heróis, o gosto do público havia mudado e “Superman, O Retorno” parecia um
filme deslocado, uma relíquia de outros tempos. Foi então que a Warner, após o
sucesso absoluto da nova trilogia do Batman, sob a batuta de Christopher Nolan
(Amnésia, A Origem), resolveu recontar as origens do maior herói da DC Comics,
com ajuda do próprio Nolan, seus colaboradores e contando com a direção de
Zack Snyder , diretor do aclamado “Watchmen” e do sucesso “300”.
O novo filme começa em Krypton, onde o cientista Jor-El (Russell
Crowe) ao descobrir que o planeta está com os dias contados, envia seu filho,
Kal-El, ainda bebê em uma nave espacial, rumo ao planeta Terra, levando com ele informações importantes que podem 
determinar o futuro de seu povo. O General Zod (Michael Shannon) ao
tentar depor o governo de Krypton e assumir seu comando, tenta impedir a
iniciativa e acaba preso.  A criança escapa
da morte certa e é criada por Jonathan
(Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane), que passam a chamá-lo de Clark (Henry
Cavill), que já adulto, se vê obrigado a buscar um certo isolamento, pois
possui poderes que se descobertos pelos humanos, eles não entenderiam ou aceitariam, uma sina que
o acompanha desde pequeno.  Ao descobrir uma nave escondida no ártico que
pode ter respostas sobre seu passado e acabar salvando a repórter Lois Lane
(Amy Adams), Clark inadvertidamente aciona um sinal que atrai o terrível
Zod, que conseguiu se libertar e ao descobrir seu paradeiro , ameaça a humanidade. Chega então a hora das pessoas conhecerem aquele que passarão a chamar de Superman.
O filme tenta dar roupagem nova, mais realista ao Homem de
Aço, com efeitos especiais incríveis e um ótimo uso do 3D (especialmente em
IMAX), sendo assim tudo é grandioso, desde Krypton, passando pelas cenas de vôo
(finalmente o Superman é mais rápido do que uma bala) e pelas impressionantes
lutas, afinal o duelo entre Kal-El e Zod é literalmente destruidor. O porém
disso tudo é que o filme coloca um pouco de lado o desenvolvimento de alguns
personagens, principalmente na fase adulta do herói e se concentra no
espetáculo, mas nem se pode reclamar, pois é uma característica do diretor Zack Snyder, caprichar no visual e nem tanto na trama, mas mesmo assim o roteiro de
David S. Goyer é interessante, principalmente quando foca no relacionamento de
Clark e seus pais adotivos, em flashbacks que dão coração ao filme, mostrando
toda as escolhas e angústias durante a infância e adolescência  do herói. É aí que entra outro trunfo do
filme, seu elenco, Henry Cavill está ótimo como o herói, fazendo um Superman
mais humano, menos perfeito. Amy Adams, mesmo com as limitações do papel, é a
melhor Lois Lane desde Margot Kidder em “Superman, O Filme”. Russell Crowe como
Jor-El e Kevin Costner como Jonathan Kent, brilham com a autoridade que os seus
personagens exigem e Michael Shannon é pura ira como Zod, ofuscando até a
famosa versão de Terence Stamp em “Superman II – A Aventura Continua”.
Snyder fez um filme grandioso, cheio de ação e muitas explosões, que se valeria
de um pouco mais de humor e de mais tempo para desenvolver alguns
personagens, mas ainda assim não é algo que atrapalhe tanto, pois ele conseguiu reapresentar uma história batida de
maneira digna e espetacular, com altas doses de adrenalina e uma produção
requintada. Assim como “Batman Begins”, “O Homem de Aço” não é o melhor filme
do mundo, mas é um excelente recomeço, abrindo caminho para mais filmes com o
herói e para o sonhado longa de “A Liga da Justiça” e mesmo longe da perfeição, ele é infinitamente superior a muitos filmes baseados em histórias em
quadrinhos. Não, não é um pássaro, ou um avião, é o Superman mesmo, de uma
maneira que nunca se viu antes e que vale cada centavo do ingresso.
Man Of Steel, EUA, 2013 direção Zach Snyder roteiro de David
S. Goyer história de David S. Goyer e Christopher Nolan baseado nos personagens
criados por Joe Shuster e Jerry Siegel para as histórias publicadas pela DC
Comics produção Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas e Deborah Snyder
música de Hans Zimmer com Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin
Costner, Diane Lane, Laurence Fishburne e Russell Crowe. Distribuição Warner
Bros. e Legendary Pictures. Duração 143 minutos Ação/Aventura.
 




 
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