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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Crítica: Planeta dos Macacos - A Origem

Nota: 9,0

Depois de todos esses anos, aparece que a imprensa nacional ainda não entendeu os conceitos de reboot e prequels, ao ver matérias na tv sobre “Planeta dos Macacos – A Origem”, que na verdade não é exatamente uma prequel (uma história que se passa antes do filme original de uma série), mas também não é um remake de “O Planeta dos Macacos” (Planet Of The Apes, 1968) como a imprensa brasileira anda falando por ai, sim, chegaram a comparar a história do novo “Planeta” à do filme original dirigido por Franklin J. Shaffner e também à do remake de 2001, dirigido por Tim Burton. Na verdade “Planeta dos Macacos –A Origem” é um reboot (Um novo começo, com nova história e atores) da série. Ele usa elementos de “A Conquista do Planeta dos Macacos” (Conquest Of The Planet Of The Apes, 1972) e faz pequenas homenagens a elementos dos outros filmes para contar a história de Will Rodman (James Franco), um cientista que desenvolve uma substância que pode ser a cura para o Mal de Alzheimer, utilizando os macacos como cobaias. Durante o teste, uma chimpanzé conhecida como Olhos Brilhantes, ataca a equipe do laboratório e Rodman descobre que ela estava tentando proteger seu filhote. Para evitar que o filhote seja sacrificado, Will o leva para casa, mas acaba descobrindo que o macaco César (Andy Serkis) herdou da mãe uma inteligência fora do comum, fruto da exposição ao composto quimico. O Filme acompanha alguns anos na vida do Macaco César e sua convivência com Charles (John Lithgow), Pai de Will que sofre de Alzheimer e com a veterinária Caroline (Freida Pinto), até que um dia para defender Charles , César ataca um vizinho e é mandando para uma instituição onde ficam presos outros macacos, e com a convivência com eles e depois de ser muito mal tratado, César inicia seu plano de fuga e uma rebelião que mudará a história da humanidade.


“Planeta dos Macacos – A Origem” além de uma ótima ficção científica, é também um bom drama familiar, mostrando uma familia disfuncional em busca de um equilibrio, onde César está descobrindo sua identidade e seu lugar em mundo que provavelmente não o aceitará, pois seu intelecto o leva a uma condição além de um mero animal de estimação. Ao mesmo tempo Will luta para ajudar seu pai a enfrentar e se recuperar de uma doença degenerativa, vendo em César a chance para que isso aconteça. O filme lida bem com a questão ética de se realizar testes em animais e as conseqüências disso, afinal na sede por dinheiro e conhecimento, o homem acaba vitima de sua própria ganância.


Embora o elenco humano esteja muito bem, naturalmente as grande estrelas do filme são os macacos, e na verdade sempre foi assim, mas dessa vez ao abandonar as máscaras de látex usadas nos antigos filmes e abraçar a tecnologia digital, os simios de “A Origem” são de uma perfeição impressionante, eles não são apenas criaturas digitais, mas personagens com expressões e individualidade. Andy Serkis está incrível como César, aliás, ele é mestre em criações desse tipo, basta lembrar o Gollum de “O Senhor dos Anéis” e o gorila Kong de “King Kong”, é um prazer imenso assistir a transformação de César de um pequeno chimpanzé, em lider de seu povo, e assim como todos os macacos que aparecem no filme, sua atuação foi filmada no set com os outros atores, ao vivo, através da tecnica de captura de performance, onde seus movimentos e expressões foram captados por sensores e depois a animação em computação foi construida tendo esse material filmado como base. A tecnica é a mesma empregada em "Avatar" (2009) e "A Lenda de Beowulf" (Beowulf, 2007)e evoluiu muito através dos anos.



Ao contrário de muitos filmes, os efeitos funcionam para contar a história e em estão lá apenas em função dela, e não meramente como distração, e a vantagem do CGI ao invés das máscaras é que nesse filme os macacos ainda não evoluiram até sua condição quase humana (pelo menos em boa parte do filme) vistas nos outros episódios, e ao mesmo tempo a complexidade das expressões de Cesár, por ser um ser mais inteligente, faz um contraponto com a condição animal de seus companheiros, que ainda são animais comuns, e tantou uma quanto a outra não poderiam ser alcançadas com atores em fantasias ou animais de verdades treinados, perderia-se com certeza a credibilidade, que mesmo você sabendo que é um efeito especial, é tão realista e tão bem integrado que acaba funcionando perfeitamente.


O fato desse filme ser um reboot, ai invés de uma prequel, é que abre uma nova gama de possibilidades para a série, algo que o remake de Tim Burton não conseguiu, abrindo caminho para uma nova série que pode tanto se integrar aos filmes originais, quanto seguir por caminhos diferentes, seria até interessante uma série que culminasse com um novo ramake, mostrando o começo de uma nova ascenção do homem. De qualquer maneira “Planeta dos Macacos – A Origem” é um ótimo começo, cheio de suspense, drama e ação, com boas performances e efeitos magníficos, que só fica devendo um pouco ao não conseguir desenvolver uma trama paralela da criação de uma espécie de vírus, mas isso é apenas um detalhe, que com certeza pode ser melhor explorado em outros filmes, que com certeza virão, afinal o filme merecidamente está fazendo sucesso no mundo todo.




*Não saia do cinema ao se iniciarem os créditos finais, há uma cena importante e uma animação que mostra suas conseqüências.

Rise Of The Planet Of The Apes, 2011. Direção Ruppert Wyatt roteiro de Rick Jaffa
Amanda Silver produção de Peter Chernin, Dylan Clark, Rick Jaffa, Amanda Silver música de Patrick Doyle com James Franco, Freida Pinto, Andy Serkys, John Lithgow, Brian Cox, Tom Felton. Distribuição Twentieth Century Fox. Duração 105 minutos. Ficção Cientifica.

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