Nota: 9,0

Quando vi o trailer de "Gigante de Aço" sinceramente não dava nada pelo filme, parecia uma versão diminuta de "Transformers" estrelada por Hugh Jackman, o eterno Wolverine, mas na verdade fui surpreendido de uma ótima maneira pelo filme. Não que ele seja revolucionário, ou vá mudar a vida de alguém, mas as vezes é reconfortante poder sentar no escurinho do cinema e assistir a uma boa história, bem feita e com um bom elenco, principalmente porque hoje em dia os filmes são 90% hype e 10% conteúdo e somos forçados a engolir uma infinidade de tranqueiras, sob o disfarce de fenômenos culturais, franchises milionárias e tantos outros produtos que estréiam semana após semana no circuito comercial, filmes que são esquecidos logo após a exibição, pois não emocionam ou tocam a platéia. Acho que por isso que foi tão bom ver um filme que consegue se conectar ao espectador.
A História é bastante simples: Em um futuro próximo, Charlie Kenton (Hugh Jackman) é um  ex-lutador de boxe frustrado, afinal o esporte como era conhecido já não existe mais, os lutadores humanos foram substituidos por máquinas e após a derrota de seu ultimo robô, Charlie se vê cheios de dividas e tem sua última chance ao receber a noticia de que uma ex-namorada e mãe de seu único filho morreu e ele vai ficar com a custódia do menino, nesse momento o tio do garoto faz uma proposta irrecusável, ele dará dinheiro para que Charlie desista da guarda, mas para isso ele terá que ficar três meses com o menino até que o casal volte de uma viagem para a Europa. Nesse meio tempo Charlie e Max (o ótimo Dakota Goyo) se envolvem no circuito underground de lutas e quando Max encontra o pequeno robô "Atom" em um ferro velho e os dois treinam o robô com os movimentos de Charlie,  Atom começa a vencer lutas, e suas vidas dão uma guinada radical.
O Filme é basicamente um filme de esporte, na linha de "Rocky, Um Lutador" e tantos outros, e a principio a grande diferença seria o uso dos robôs, mas a verdade é que apesar deles serem incríveis, o que encanta sobre o filme é que ele tem o coração no lugar certo, o centro emocional do filme é o relacionamento de Charlie com seu filho e deles com Bailey (Evangeline Lilly), uma mecânica e interesse amoroso de Charlie. O filme tira proveito da quimica do trio, Hugh Jackman está ótimo como sempre no papel de boxeador fracassado, ele mostra porque é um dos atores mais confiáveis do cinema atual, dando profundidade ao seu personagem. Dakota Goyo como Max, é um achado, ele é engraçado, convence nos momentos dramáticos e tem aquele olhar de coitado que daria inveja ao gato de botas do Shrek. Evangeline Lilly tem poucas cenas (pelo menos eu gostaria que ela tivesse mais), mas ela mostra que se não é uma Meryl Streep em termos de técnica, ela compensa por sua sinceridade, o trio consegue não se deixar ofuscar em nenhum momento, afinal o roteiro é muito humano e a direção de Shawn Levy (Recém Casados, A Pantera Cor de Rosa, Uma Noite no Museu) aposta na emoção e não tem vergonha disso.
Como uma produção da dupla Steven Spielberg e Robert Zemeckis, aqui aliados a Disney, é óbvio que os efeitos são espetaculares, desde o design dos robôs até sua concepção, eles são convincentes em cada cena de luta e nas ótimas cenas entre Max e Atom, e eles se intergram completamente a história, que foi baseada no conto "Steel" de Richard Matheson (Eu, Sou A Lenda, o livro, não o filme) e lembra um pouco o trabalho de Osamu Tesuka criador do mangá "Metrópolis" e do anime "Astroboy." mostrando a relação entre humanos e robôs de uma maneira mais emocional, inclusive o charme dos efeitos é exatamente a interação com os atores humanos, em um trabalho nunca menos que perfeito. Para dar mais credibilidade as lutas o veterano boxeador e lenda do esporte Sugar Ray Leonard foi contratado como consultor.
Já é provado aliás, de que apuro técnico sem uma boa história não faz milagre, ainda mais porque vivemos em uma fase em que cada novo filme tenta ser mais espetacular que o outro, esquecendo que a alma do bom cinema reside em sua história, e no caso de "Gigantes de Aço" é uma história muito boa, com personagens bem desenvolvidos, com motivações, defeitos e porque não salientar, muita emoção, o que hoje está se tornando cada vez mais raro em filmes de aventura, onde tudo gira em torno de quão espetacular a ação pode ser, talvez essa seja a maior diferença ao comparar Gigantes com "Transformers", porque o estilo de Michael Bay atropela qualquer sensibilidade em favor da grande cena de ação do momento. Sim, eu acho "Transformers" uma série bem legal, mas "Gigantes de Aço" me tocou e toca o espectador muito mais , por causa da maneira como a história foi concebidae abordada, pode parecer que não, mas se espelhar na fórmula de Rocky ainda e uma ótima idéia, afinal, Rocky é pura emoção também.
"Gigantes de Aço" é um filme perfeito para levar a familia ao cinema, é entretenimento de primeira, bem executado, emocionante, engraçado e se você se deixar levar pela história pode até rolar uma lágrima aqui ou ali.  Não vai entrar para a história do cinema, mas é bem melhor do que a tonelada de lixo que Hollywood anda tentando vender ultimamente, afinal, muito mais do que um produto, é um bom filme.
Real Steel, 2011 direção de Shawn levy roteiro de John Gatins história de Dan Gilroy e Jeremy Leven, baseado na história de Richard Matheson produção de Shawn Levy, Susan Montford e Don Murphy produção executiva de Steven Spielberg, Robert Zemeckis e Stacey Snider. musica de Danny Elfman, com Hugh Jackman, Evangeline Lily, Dalota Goyo, Hope Davis, Karl Yune e Olga Fonda. distribuição Touchstone Pictures e Dreamworks Pictures. duração 127 minutos. Aventura/Ficção.
 





 
2 comentários:
Curti, super vou querer assistir o filme
É muito bom mesmo, acho emocionante^^
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