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domingo, 21 de agosto de 2011

Grandes Filmes: Lawrence da Arábia

A partir de hoje estarei comentando sobre filmes que marcaram a história do cinema, que perduraram como realizações acima de todas as outras e o filme escolhido para ser o primeiro da série de Grandes Filmes é o épico “Lawrence da Arabia”.

Lançado em 1962 e dirigido por David Lean ( A Ponte do Rio Kwai e Doutor Jivago, entre outros clássicos). Baseado na vida de T.E. Lawrence (1888-1935), o filme se passa durante a Primeira Grande Guerra, quando ainda era um tenente sem importância no Cairo, e seguindo sua ida para a Arábia, onde ele serve de oficial de ligação entre o exército britânico e os rebeldes árabes, em sua aliança contra os turcos, que desejam anexar a Arábia ao Império Turco Otomano. Lawrence, admirador confesso do desert do estilo de vida dos beduínos, oferece-se para ajudar os árabes a se libertarem dos turcos, liderand-os na campanha, desde a tomada da cidade de Aqba até o fim do sonho árabe de conquistar Damasco.


Deixando de lado os detalhes da Primeira Guerra Mundial que acontecem antes, depois ou fora da história do filme, ele se concentra na persona de Lawrence, aqui brilhantemente interpretado por Peter O’Toole, o ator está em praticamente todas as cenas, ele interpreta Lawrence como alguém que se julga maior que a vida, alguém obstinado a cumprir suas vontades mesmo que pareçam impossíveis, tendo exito em várias delas. Não há duvida de que muito do personagem é romantizado, os historiadores já fizeram questão de frisar isso, mesmo assim é uma das grande atuações da história do cinema, com muitas nuances, criando um personagem que engloba porções de uma pessoa real, com algumas doses de invenção, mas ainda assim mantendo uma caracterização complexa e completamente humana. O Elenco em sí foi impecávelmente escolhido, além de O’Toole como Lawrence, Omar Shariff, no papel que lhe deu fama mundial e o levou a conhecer o diretor Lean, se destaca como Sherif Ali ibn el Kharish, em uma interpretação inspirada, servindo as vezes de consciência para Lawrence e tentando trazer seu ego um pouco mais para a esfera terrestre. Alec Guiness, como o Principe Faisal, brilha nas poucas cenas em que aparece e Anthony Quinn como Auda ibu Tayi está impecável, eles lideram um elenco completamente masculino, as poucas mulheres são extras em algumas poucas cenas de multidão.


Lean criou um espetáculo visual incomparável até para os padrões de hoje em dia, ele realizou um filme que é épico por natureza, na realidade é a natureza principalmente que dá ao filme uma qualidade única, de ser maior do que a vida. “Lawrence da Arábia” foi filmado em sua maior parte em locações na Jordânia e no Marrocos, com apenas algumas cenas feitas em estúdios em Londres. O diretor filmou alguma das mais belas imagens já registradas, e estabeleceu um padrão para qualquer filme que se passe em um lugar desértico, graças a belíssima fotografia de Freddy Young (a cena da miragem já é clássica, por ser um milagre em execução) registrada em pelicula de 70 mm, e ressalta o gosto de Lean por panorâmicas de tirar o folego, tudo embalado pela já clássica trilha sonora de Maurice Jarre.


Um fato curioso é que o filme tem pouquissimos efeitos visuais, a maioria das cenas foi filmada ao vivo, nas locações, inclusive em uma cena a equipe de produção descarrilhou um trem de verdade, rezando para que ele não atropelasse a câmera. Na verdade esse tipo de filmagem deu ao filme uma qualidade atemporal, o filme nunca parece velho ou datado, ainda mais após ser restaurado. Inclusive agradeço sempre por ter assistido Lawrence a primeira vez em VHS em sua versão restaurada com 216 minutos e não uma das muitas versões editadas para passar no cinema e na TV, afinal após tanta dedicação para que o filme fosse feito, é quase um crime tirar qualquer segundo de duração dele, ainda mais porque apesar de longo, ele nunca chega a ser cansativo, afinal são quase 4 horas de grande atuações, um roteiro impecável e imagens belíssimas.

É um grande filme, um dos poucos que merece realmente ser chamado de épico e mereceu os 7 Oscars que recebeu, neste caso os de Filme, Direção, direção de arte, trilha sonora, direção de fotografia, edição e melhor som, mais outras três indicações para melhor ator (Peter O’Toole), ator coadjuvante (Omar Shariff) e roteiro adaptado.

Inesquecível e indispensável, “Lawrence da Arabia” é quase obrigatório para que gosta de cinema e se interessa pelo trabalho dos grandes diretores de todos os tempos.



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Lawrence of Arabia, 1962, Inglaterra/EUA direção de David Lean produção de Sam Spiegel roteiro de Robert Bolt e Michaewl Wilson musica de Maurice Jarre edição Anne V. Coates direção de fotografia F.A. Young estrelando Peter O'Toole, Omar Shariff, Alec Guiness, Anthony Quinn, Claude Rains, Jack Hawkins, Jose Ferrer, Anthony Quayle e Arthur Kennedy. distribuição Columbia Pictures. 216 minutos. Aventura Épica.

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