O Ursinho Pooh - Crítica

Nota: 10,00

Em uma época de excessos, simplicidade as veze é uma benção, afinal vivemos em tempos onde um filme que não tem trama alguma dura 2 horas e meia, onde tudo tem que ser em 3D, 4D e um dia até em 5D, onde sensibilidade é uma coisa subestimada e pouco usada, onde filmes de animação tem que ter toneladas de referências a outros filmes e várias piadinhas para manter os adultos com o minimo de atenção no que se passa, nada contra tudo isso, mas ao ver "O Ursinho Pooh" hoje em uma sala cheia de pais, mães e filhos pequenos, pensei, que ótima escolha para ser a primeira experiência em uma sala de cinema (sim algumas crianças claramente nunca tinham ido à um cinema antes), pois tudo levou à uma experiência marcada pela simplicidade e ingenuidade, uma volta no tempo para os adultos com certeza, à aquela época em que muitas aventuras se passavam em nossa imaginação e tudo que precisávamos eram nossos brinquedos e um dia sem escola.

Com um visual simples, porém deslumbrante, com um colorido maravilhoso, essa animação tradicional, feita a mão, conta uma história simples, bem distribuida em 69 minutos de puro deleite. A trama começa com Pooh acordando faminto e procurando por um pote de mel. Ao sair de casa, porém, ele depara-se com um Ió ainda mais cabisbaixo que o costume e descobre que o burro perdeu seu rabo. A dupla pede ajuda ao Corujão, que sugere uma competição: quem encontrar o rabo ou um objeto que o substitua, leva como prêmio um delicioso pote de mel. Enquanto a busca acontece, um terceiro evento interrompe a trama; Corujão, com suas péssimas habilidades de leitura, interpreta mal um bilhete deixado por Christopher Robin, levando a turma a acreditar que o menino foi sequestrado por um terrível monstro chamado de Voltogo (que rende algumas das melhores cenas do desenho). E os amigos começam também a procurar o tal bicho, para tentar salvar Christopher Robin.



Embalado por ótimas canções (algumas na versão original com a voz de Zooey Deschanel), "O Ursinho Pooh" é um filme muito inocente, mas ainda assim de uma maneira que não ofende a inteligente dos adultos, mesmo sendo de fácil compreensão para as crianças, muito porque se você perceber, em todos os desenhos de Pooh e sua turma, as suas aventuras são a extensão da imaginação de uma criança pequena, eles fazem e dizem coisas que só uma criança pensaria e ai está a genialidade da obra de A.A. Milne e das animações da Disney, porque todo mundo nessa vida já foi criança, todo mundo já brincou e já se utilizou da imaginação para criar aquele mundo de fantasia que torna a infância tão especial, e uma sacada que os diretores tiveram foi de situar o filme e seu mundo, como se ele se passasse dentro de um livro ilustrado, com os personagens interagindo com o texto e até o utilizando, inclusive com o narrador conversando com os personagens, remetendo aos antigos curtas e filmes da Disney dos anos 30 e 40, quando tudo o que se precisava era de uma história simples e cativante, personagens carismáticos e o talento dos animadores.

"O Ursinho Pooh", pode não ser um divisor de águas na história animação, um filme revolucionário, mas ele é a Disney em sua melhor forma, é tudo o que uma boa animação deve ser: leve, divertido e bom o suficiente para não ser esquecido assim que se deixa a sala de projeção.

Atenção ao maravilhoso curta "A Balada de Nessie" (que na época do Walt com certeza seria parte da série Silly Simphonies), uma inusitada versão da lenda do monstro do Lago Ness e aos ótimos créditos finais, que reproduzem as situações do filme, com os bichos de pelúcia do quarto de Christopher Robin, ao som de "Uma Coisa Muito Importante a Fazer" de Zooey Deschanel.




Winnie, The Pooh, EUA, 2011 dirigido por Stephen Anderson e Don Hall, produzido por Peter Del Vechio & Clark Spencer produtores executivos John Lasseter e Craig Sost inspirados nas histórias de A.A. Milne. Distribuido por Walt Disney Pictures. 69 minutos. Animação.