Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2.

Nota: 9,5

Dez anos depois de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" tomar o mundo de assalto, a série chega ao final com "Harry Potter e as Reliquias da Morte - Parte 2", após ter sobrevivido a competição direta com duas séries literárias de enorme sucesso (O Senhor dos Anéis e Crepúsculo), uma que ficou pelo meio do caminho (As Crônicas de Nárnia) e inúmeras tentativas frustradas de se começar franchises de igual sucesso (Eragon, A Bússola de Ouro, Desventuras em Série, Percy Jackson e o Ladrão de Raio e As Crônicas de Spiderwick), para se tornar a franquia de maior sucesso da história (em termos de bilheteria, pois em termos de público estimado, Star Wars ainda continua no topo da lista) e uma das mais respeitadas, afinal, bem ou mal a série sempre foi bem aceita pela critica especializada.

Nesta nova aventura Harry (Daniel Radcliffe), Ronnie (Ruper Grint) e Hermione (Emma Watson) continuam a tarefa deixada por Dumbledore (Michael Gambon) de procurar e destruir as Horcruxes e destruir Lorde Voldemort (Ralph Fiennes), o que inclui invadir o cofre de Bellatrix Lestrange, impedir a invasão de Hogwarts pelas forças de Voldemort (ao mesmo tempo em que continuam sua busca). Explicar mais da história é tirar toda a graça de acompanhar a conclusão da saga do bruxinho, afinal o filme é repleto de revelações, especialmente acerca de Snape (Alan Rickman), Dumbledore e o passado de Harry e sua familia, cenas que são as melhores do filme em termos de desenvolvimento dos personagens.

É incrivel notar como a série evoluiu de uma aventura assumidamente infantil, para uma saga sombria e dramática e como seus protagonistas contribuiram para isso, Daniel Radcliffe em "A Pedra Filosofal" (2001) era praticamente um coadjuvante de luxo em sua própria história, afinal ele parecia mais um garotinho deslumbrado, do que realmente o herói de uma saga, mas a partir de "A Câmara Secreta" (2002) e "O Prisioneiro de Azkaban" (2004), seu Harry Potter foi cada vez mais se tornando o agente das ações e não um mero espectador dos eventos ao seu redor, essa mudança também mostra o amadurecimento de Radcliffe como ator, principalmente nas cenas mais dramáticas, nesse novo filme ele é o coração da trama, a pessoa que tem de fazer as escolhas mais dificeis e aquele que pode por fim ao conflito destruidor contra Voldemort, é realmente muito gratificante ver que ele consegue se impor perante grandes nomes do cinema britânico. Ao mesmo tempo Rupert Grint e Emma Watson perderam um pouco de espaço na trama, mas nem por isso eles não tem ótimos momentos.

O diretor David Yates também dá mais espaço para Ralph Fiennes atuar como Lorde Voldemort e o ator entrega sua melhor performance na série, assim como Alan Rickman como Snape, cujas as cenas estão entre as melhores da série em muito tempo e Helena Bonham Carter, sempre ótima como Bellatrix (O filme guarda uma ótima surpresa pra ela). Alguns atores voltam a dar as caras em cenas um pouco mais longas do que nos ultimos filmes, como a grande Maggie Smith, novamente como Minerva McGonagall, Julie Walters como Molly Weasley e Warwick Davis (o eterno Willow) como Filius Flitwick, enquanto outros apenas fazem pequenas, mas efetivas participações como Robbie Coltrane (em uma pequena participação como Hagrid), John Hurt (a cena dele logo no começo do filme é uma das mais importantes para se entender o desfecho), Jason Isaacs, Emma Thompson, Jim Broadbent e David Thewlis.

O filme tem um visual impecável, a fotografia de Eduardo Serra é belissima e os efeitos são ótimos, embora ao tentar dar as cenas de batalha a mesma força épica de um Senhor dos Anéis, com centenas de extras, elas acabam não sendo tão eficientes em termo de escala, muito porque para não perder de vista o trio principal, na sua busca pelas Horcruxes, ela acaba se passando mais com personagens coadjuvantes, apesar de o trio principal acabar se envolvendo em muitos momentos, afinal enquanto eles procuram as reliquias, Hogwarts é literalmente deixada aos pedaços, mesmo assim isso não diminui a diversão do filme, afinal faz parte da história e inclusive isso da a Matthew Lewis como Neville Longbotton a chance de ter as melhores cenas da batalha.

"As Reliquias da Morte - Parte 2" encerra a saga sem deixar pontas soltas, com ótimos momentos de aventura e suspense, realmente dando um fim digno aos personagens, sem decepcionar os fãs que aguardaram durante anos o duelo final entre Harry e seu nemesis, Lorde Voldemort, o desenrolar do romance entre Ronnie e Hermione e tornaram a série o maior fênomeno cultural desse novo milênio, e fãs de Crepúsculo que me perdoem (ou não) com uma história que faz juz às grandes fantasias já levadas as telas.


Um conselho antes de ver "Harry Potter e as Reliquias da Morte - Parte 2", veja (ou reveja) a Parte 1, para melhor compreender alguns detalhes da trama.

Harry Potter and the Deathly Hallows - Part2 . 2011. direção David Yates, roteiro de Steve Kloves, baseado no livro de J.K. Rowling. produzido por David Heyman, David Barron e J.K. Rowling. musica de Alexandre Desplat, baseado em temas de John Willians e Nicholas Hooper, com Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Ema Watson, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Michael Gambon, Helena Bonham Carter, Julie Waters, Maggie Smith, John Hurt, Robbie Coltrane, Warwick Davies, Tom Felton, Matthew Lewis, David Thewlis, Gary Oldman e Emma Thompson. Distribuido por Warner Bros. duração 130 minutos. Aventura/Fantasia.